quinta-feira, 31 de março de 2011

Teoria da Conspiração Divina

por Z. Leid Silva

É um fato, existe uma força maior acima da nossa compreensão, afinal como explicar o início repentino das ferias do Dr. Onofre coincidir com o meu retorno do exterior (infelizmente perdi o título de correspondente internacional). Tenho certeza que essa notícia tranqüilizará muitos dos nossos leitores e todos os 13 seguidores.
Agora eu estou de volta ao Rio, exposto novamente a todas as loucuras da cidade e me comprometo a me dedicar em tempo integral para transpor essas experiências aqui no Blog.
   Aproveitando o título, eu tenho uma notícia importante. Talvez nem todos saibam, mas o fim do mundo está próximo e o dia do juízo final será no dia 21 de maio de 2011. Eu sei que alguns de vocês já tem planos para essa data e outros estavam esperando pelo fim do mundo em 2012. Mas vai ser no dia 21 de maio de 2011 com certeza! Eu recebi um folheto explicativo (esse aqui do lado) no metrô de Nova Iorque falando sobre o assunto.
   A vantagem é que escolheram um sábado e se tudo ser certo o juízo final vai ser à tarde, depois da praia... Uma coisa é certa, seremos privados de assistir o Fantástico no domingo. A não ser que você vá pro inferno... ao que parece lá rolam exibições diárias.
   Espero que o Dr. Onofre já tenha voltado das férias na tal data. Não sei como funciona o juízo final mas imagino que vou precisar de um bom advogado, tenho muita coisa pra explicar... A começar pelo fato de ser judeu. Além de uma vez não ter dado meu lugar no ônibus para uma velhinha.
   Alguém sabe qual é o traje? Afinal, no ultimo evento da terra e com a presença de todo mundo, eu não quero estar mal vestido.
  
FAQ sobre o mundo pós-apocalíptico:
- Tem carregador de iPhone ou eu devo levar o meu? Estarei aguardando duas ligações importantíssimas!
- Os quartos são individuais? Porque eu ronco e não gostaria de atrapalhar a paz celestial...
- Tem café-da-manhã?
- Qual é a política relativa à celebridades mortas? Rola uma nuvem de Caras ou o acesso é fácil? Tenho umas perguntas a fazer ao Aristoteles, Shakespeare, Da Vinci e ao Tim Maia...
- Qual o limite de bagagem?

Com sorte nos vemos todos no dia 21 de maio!  

domingo, 27 de março de 2011

Aguardando o Próximo Assalto

Por Boris Y.

Não é só a Copa do Mundo, as Olimpíadas, o Pan-Americano, os Jogos de Inverno ou as eleições que acontecem de quatro em quatro anos. A cada quadriênio eu cumpro meu dever cívico de bom carioca e sou assaltado. Foi assim em 1999, 2003, 2007 e seguindo a progressão aritmética... 2011.

Na verdade a primeira vez que minha carteirinha de carioca foi carimbada ocorreu em 1994, quando a violência quase que literalmente bateu a minha porta. Um assaltante entrou pelo basculante do banheiro do quarto dos meus pais (usando uma escada, morávamos no primeiro andar), pulou todo mundo (eu e meu irmão estávamos acampados lá, não me lembro porque) e chegou à sala, onde fez a limpa. O pior é que ele era um assaltante mal educado, além de assaltar também a geladeira fez questão de deixar um presente para a gente, afinal de contas não se pode só levar coisas, então ele deixou um vômito na sala. Se ele comeu a comida, deveria ao menos ter sido educado e fingir que gostou! Além disso, saiu correndo e deixou um aparelho de som, mas levou o controle o que inutilizou o aparelho que só funcionava com tal controle, devia ter levado a merda toda logo.

O Assalto de 2003 foi o que mais me deu raiva, eu ainda tinha uns 15 anos e eram os tempos do governo da governadora costela de adão que falava “puliça”, atual prefeita de Campos dos Goytacazes (cada um tem aquilo que merece). Eu tinha acabado de comprar uma bicicleta, linda e novinha, desci a minha rua e cheguei na esquina da Gastão Bahiana com a Epitácio Pessoa onde, por acaso, encontrei um amigo que morava ali e que me disse:

- Pô, irada a bicicleta! Cuidado para não perder!
- Para de agourar, porra!
- Tô falando sério, cuidado!

Puta que pariu, não deu outra, parecia praga de mãe... Eu segui pela ciclovia fui para aula de tênis ali perto, na volta saí da ciclovia e entrei em Ipanema para ir ao curso de inglês. Só andei uma quadra, pois na esquina da Garcia D’Avila com Barão de Jaguaribe, “perdeu playboy”, com essas palavras .

Mas está tudo certo para 2011, tenho uma estratégia para vencer o carma: não pisarei em Ipanema esse ano. Exceto pela minha casa, que era na Lagoa, sempre que sou assaltado o fato se dá em Ipanema. Temo que nem mesmo a UPP ajude, ou faço um trabalho espiritual ou não entro em Ipanema esse ano!

Na relidade o problema é que eu acho que moro na Suécia e como todo bom morador de Estocolmo, vou com o meu ipod a todos os lugares, caminho pela Av. Rio Branco, Praça Tiradentes, ônibus, metrô (dormindo), Praia, supermercado, ando em Copacabana, Ipanema, etc... é o meu amuleto da sorte! Ele é o meu protesto! Não ficarei refém da violência mesmo sabendo que serei assaltado esse ano, não deixarei de andar de ipod em absolutamente qualquer lugar (até trem), não deixarei de sair à noite, não me mudarei de Estocolmo, não agirei como alguém amedrontado que mora naquele horror de lugar no hemisfério sul chamado Rio de Janeiro.

***

Dr. Onofre, boas férias, boa sorte, aguardaremos ansiosamente o seu retorno.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Spray de Pimenta

Por Boris Y.

Esse não é um post propriamente de humor, na verdade de humor ele só tem mau humor. Eu poderia dedicar esse péssimo humor ao fato que eu estou preso em casa com gastroenterite, mas vou dedicar o post para a sempre ela Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (palmas), ou simplesmente "Puliça" para ex-governadora costela de Adão.

Há mais ou menos um ano a Puliça e a Guarda Municipal carioca começaram a usar novas "armas não-letais", respectivamente spray de pimenta e arma de choque. Você deve estar se perguntando: "Boris, mas isso não é bom? Não vai diminuir a violência da PM com a população?", meu filho, você é muito bobo, quando alguma coisa relacionada à PM-RJ será boa??? Eles conseguiram transformar mercúrio cromo ou spray de merthiolate em arma letal se fosse disponibilizado para tropa...

Por sorte a PM está usando o spray de pimenta, se utilizassem a arma de choque da GM muitos tá teriam morrido em cenas épicas de tortura urbana promovidas pela PM, com PM's atacando cidadãos com mais de uma arma ao mesmo tempo. Como exemplo não precisa nem abrir o O Globo de hoje, pois a capa trás a seguinte manchete "Spray de pimenta para os sem-moradia" com a chocante foto de um sempre gordinho PM com a sua pança pulando e tacando spay em uma desabrigada e sua filhinha (!!!), sobreviventes da tragédia no morro do bumba e que estavam na fila para receber o dinheiro atrasado da prefeitura de Niterói.

Ainda hoje, assistindo ao RJTV, pude ver outras cenas do protesto dos sem-moradia que eu falei acima, foi uma caminhada pacífica reprimida com grotescas doses de spray de pimenta, nas cenas aparecia uma senhora que apenas atravessava a rua e foi vítima de um PM e um jovem que do nada levou spray de pimenta à apenas 2cm (!!!!!!!!!!!!!) do olho, vindo de um filho da puta de um policial militar.

Já ouvi diversas histórias de amigos meus, um deles levou spray de pimenta na comemoração no Leblon da vitória da Taça Guanabara pelo Flamengo, estava tendo uma confusão ao lado e os PM's chegaram tacando spray em todos e pegou de raspão no meu amigo, segundo o qual a dor é insuportável e você não consegue mais enxergar nada (isso que foi só de raspão). Outro amigo viu uma briga durante o bloco Simpatia é Quase Amor em Ipanema, dois garotos estavam "juntando" em outro completamente bêbado, o que os PM's fizeram? Encheram de spray o solitário garoto que estava apanhando, e enquanto ele berrava desesparedamente com a mão nos olhos eles tacavam mais spray.

Mas ontem a noite sim, a polícia se redimiu e mostrou o bom uso do spray. No jogo Fluminense X América do México a torcida cantava músicas e exibia diversas faixas contra o falso defensor da ética Muricy Ramalho. Um dos protestos era uma cartolina amarela com os dizeres "Muricy Amarelão". É óbvio, qual ameaça maior à segurança pública que uma cartolina amarela expressando um protesto compartilhado por todos os presentes??? E dá-lhe spray de pimenta para tomar nossa vilã, a cartolina amarelona, responsável pela insegurança no Rio.


 
É para isso que pagamos impostos? Para pagarmos os salários desses merdas e munirmos eles de sprays dolorosos e mal utilizados? Deveríamos ao menos, de cortesia, pagar um curso que ensine que basta tacar o spray no ambiente para dispersar a multidão e que tacar o spray a 2cm do olho de alguém pode causar danos permanentes que o filho da puta nem imagina, um curso que avise a ele para tacar spray no cú da mãe dele, ou no olho mesmo, afinal de contas, como diz o ditado popular, pimenta nos olhos dos outros é refresco.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Publicidade/Vida de cego.

Dr. Onofre

- Hoje eu vou tornar a vida de um cego mais fácil.

Aposto que foi isso que um designer de projetos pensou antes de desenhar o projeto de cardápio de pizza do Zona Sul. Não resisti e tirei uma foto para acreditarem em mim:

"Temos cardápio de pizza em braille"
Fiquei pensando que os donos desse lugar só podem ser cegos. Só assim pra pagarem alguém para fazer isso. E o pior é que esses caras ganham bem, desenhando seus projetos publicitários. Por quê, meu Deus, escrevem no cardápio dirigindo-se a cegos??? Por que não escreverem também "temos cardápios para analfabetos"? o resultado seria o mesmo.

Esse menu, levemente molhado, me levou a um momento de epifania. Por que eu não escolhi uma profissão como essa? Poderia, nesse momento, estar desbundando por ai - quem sabe criando o comercial do "escavusca" na NET ou me enchendo de dinheiro fazendo comerciais do tipo Activia - "noossa que alívio"; ou ainda Harpic higiênico - "oi, posso xeretar sua privada?". Mas não. Escolhi uma profissão na qual as pessoas enxergam, tenho que usar gravata e nunca vou poder fale sobre cocô. Se arrependimento matasse...

*     *     *
Aproveito para informar aos leitores e aos colegas de redação que tirarei férias remuneradas do Desbunde até o meio de abril. 

domingo, 20 de março de 2011

Dicas para você se tornar um "ném"

Por Boris Y.

Excepcionalmente o texto de hoje não é de minha autoria, na verdade é de autoria desconhecida. Recebi esse e-mail já faz um tempo, mas é muito engraçado e faz sucesso em todo o lugar, no meu escritório ele foi sensação na sexta-feira passada. Só acrescentaria que um verdadeiro(a) ném usa penduricalho e adesivo no celular/rádio...

Talvez você não esteja identificando o que é ser ném. Talvez. Dúvida que vai sumir no máximo até a terceira dica. Quem sabe você mesmo já não é um pouco. Mas vamos lá, você pode ser um completo. Assim você entra na moda. Afinal, este estilo particular de ser não para de se espalhar por aí, ném.

- A primeira dica é trocar qualquer vocativo por ném. Nada de moço, senhor, cara, menino. Comece a chamar todo mundo de ném.
- Talvez a única exceção seja chamar os amigos de braço. Mas, por segurança, na próxima frase use ném.
- E que tal colocar um piercing no umbigo? Só que não é qualquer piercing. Tem que ser um com aquele penduricalho.
- Além disso, você só deve andar de van. E, se puder, criar intimidade com o motorista.
- Falando em intimidade, ném não tem amigo. Tem colega.
- Agora é o momento das dicas de português. Anota aí: corte a letra "m" do final das palavras. Exemplos: garage, viage, passage.
- Já que estamos nessa onda de cortar tudo, retire o "d" quando o verbo estiver no gerúndio. "Falano", "cantano", "fazeno".
- Elimine também a letra "s" dos plurais. Como, "as criança", "os motoboy", "os churrasquinho", "as carne".
- Crie vogais inexistentes no meio das palavras. Tipo, "naiscer" e "adevogado".
- Comece e termine perguntas com "tu". Exemplo: "tu vai lá, tu?".
- Em algumas palavras, troque o "s" pelo "r". Em vez de "mesmo", fale "mermo".
- Conjugue o "mim". Exemplo: "pra mim fazer". Ou melhor: "pámien fazer". Isso mesmo, "mien".
- A propósito, chame jantar de janta. E qualquer tipo de massa de macarrão.
- A essa altura, você já está se tornando um ótimo ném. Mas dá pra ser ainda melhor tendo umas atitudes como tirar foto em shopping. Ou tirar foto de si mesmo no espelho do banheiro.
- Mais que isso. Quando for à praia, não se esqueça de 3 coisas: levar uma caixa de isopor, rolar na areia (em grupo!) e passar doura-pêlo (vai, arrasa, ném).
- Só que antes, faça uma tatuagem no antebraço com o nome Jesus ou o de algum parente.
- Mas para isso, capriche no nome dos filhos. João, Maria, Ricardo, Ana estão fora de cogitação. Aqui, quanto mais diferente, melhor.
- Vem cá, tu tem Facebook, tu? Ih, esquece, quem é ném mermo tem é Orkut.
- E, no MsN, ixCrEVe sEmPRe aXiM.
- Agora, uma dica específica pra quem é vendedor. Sempre aborde o cliente fora da loja. Sempre.
- E aproveite o salário para deixar o carro tunado. No mínimo, no mínimo, ele deve ser rebaixado e com insulfilm.
- Mas para ser completo mesmo, instale um som boladão para ouvir música alta na orla. Com o porta-malas do carro aberto, é claro.
- Neste momento, você já está muito perto de se tornar um ném. Por isso, preste atenção. Quem é ném, usa rádio em vez de celular. No viva-voz.
- Assim como escuta música no celular. No viva-voz.
Pronto. Agora você já pode ser um verdadeiro ném. É nóis. Abra uma cidra para comemorar (tem que ser uma cidra). E, se você tiver alguma dúvida, é só consultar as nossas dicas.
Já é ou já era?

domingo, 13 de março de 2011

O Fardo da Fantasia - Flash do (agora) carnaval passado [3]

Dr. Onofre.

Ontem fui a uma festa de carnaval, um encontro de amigos inconformados com o fim precoce da folia. Como era de se esperar, as fantasias eram obrigatórias. Poderia quebrar meu teclado digitando as histórias de mais de 80 bêbados num apartamento, mas dedicar-me-ei a contar a minha própria.

Cheguei razoavelmente cedo. Tomado pelo espírito carnavalesco, antes mesmo de entrar na casa do anfitrião, comecei a fazer um strip no elevador, que, felizmente, subiu sem que eu topasse com nenhum vizinho, mas que, infelizmente, deveria câmeras de segurança.

Abri a porta e já fui despertando risadas. Quando o dono da casa chegou, me encontrou usando apenas "sunga, pochete, blazer verde de ombreira, óculos new wave e ensaiando passos de lambada na ilustre cia. do Homem Aranha" (vale oferecer ao leitor menos familiarizado com o mercado publicitário o original). Devo dizer que me superei com essa fantasia, nem mesmo a odalisca faz tanto sucesso.

É aqui que comecei a entender ex-BBBs, panicats, e atores da Record. Obviamente eu queria chamar atenção e dançar "Adocica, meu amor" muitas vezes, mas nunca pensei que seria tão assediado, já que além de estar seminú - como as outras celebridades B mencionadas - não fiz, literalmente, nada de interessante. Não conseguia dar dois paços ou terminar um drink sem que o Beto Barbosa impusesse sua presença. Conversar era tarefa difícil, já que muitos esperavam ver meu jingado com a pochete a todo momento.

Minha acompanhante, uma bela cisne negro, não levou bem o fato de todos conseguirem ver minha bunda, também não gostou das meninas olhando meu adereço de pélvis e entregou-se à bebida. O que nos leva a derradeira parte da história, deixá-la em casa.

Desci do apartamento com as calças na mão. Só me vesti quando estava na esquina da rua esperando um táxi. Para minha (in)felicidade, um vigia de prédio na Epitácio Pessoa cantou pela última vez minha trilha sonora da noite. E assim, meu carnaval acaba.


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Flashes do carnaval passado, um Desbunde em três atos: Realeza, Travecos, Piratas e outros bichos estranhosProvocante, Sexy e Arabesca ; e O Fardo da Fantasia.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Cisne Negro

Por Boris Y.

Até a tarde de hoje eu era a única pessoa do planeta terra a não ter visto Cisne Negro e isso dificultou as coisas para mim, afinal de contas é um filme mainstream e ainda famoso, ou seja, eu não queria ir sozinho ao cinema. Nunca quis muito ver esse filme, mas as pessoas me bombardearam nas últimas semanas falando mil maravilhas, até a minha analista tratou de comentar o filme.

Me falaram tudo sobre o filme menos o mais importante: cenas de masturbação e sexo lésbico. Mas qual seria o problema de cenas de masturbação e sexo lésbico para mim que sou completamente despudorado? Simples, eu fui ao cinema hoje assistir ao Cisne Negro com a única outra pessoa a não ter visto, que por acaso também é a minha avó.

Essa é a segunda vez na minha vida que me convenço que jamais irei ao cinema novamente com a minha avó. Depois de algum filme dos Trapalhões há mais de 15 anos eu só vi dois filmes com ela e foram duas constrangedoras experiências, o Cisne Negou e, pior, Borat. 

terça-feira, 8 de março de 2011

Carnaval e o Exílio

Por Z. Leid Silva

   Estando fora do Rio de Janeiro há dois meses e meio, nunca senti tantas saudades da minha terra natal quanto agora. Não por causa do tempo, nem por desgosto de Nova Iorque que é uma cidade absolutamente sensacional! Mas o fato de estar tão distante na época mais gloriosa da cidade.
   Não se fala em outra coisa (além do BBB, vide textos anteriores), nos jornais, Facebook e telefonemas familiares, o assunto majoritário é o Carnaval. Há 8 anos eu pulo carnaval no Rio, desses 8, talvez um eu tenha passado fora da cidade.
   Começou a bater uma saudades do calor de 40 graus, refrescado por uma bela cerveja comprada de um ambulante no meio de um bloco, aonde travestis com seios gigantescos brindam junto com mauricinhos, bebendo melzinho com cachaça, enquanto um adolescente urina em uma banca de jornal ao mesmo tempo que degusta um churrasquinho de gato, ao som da bateria de um bloco com nome de duplo sentido e de um vendedor que grita em plenos pulmões: "Olha o sacolé!".
Isso enquanto fadas, rastafaris, princesas, piratas, blackpowers de todas as cores, anjos, empregadas e diabos bebem, fumam, vomitam, dançam e gritam desordenadamente no meio das ruas.
   Talvez vendo dessa forma não seja uma descrição muito atrativa para você que está passando o carnaval no Rio de Janeiro, mas morando em uma cidade em que não se pode beber na rua, é do caos que sinto saudades.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Provocante, Sexy e Arabesca - flash do carnaval passado [2]

Dr. Onofre

O carnaval compete com o réveillon para ser o momento mais especial do ano. A disputa é dura, ambos os eventos envolvem multidão, roupas típicas e bebida em excesso na rua. Acho que o carnaval ganha por ser comemorado tanto de noite quanto de dia e pela quantidade absurda de macaquices que as pessoas, eu entre elas, parecem dispostas a fazer.

Minha coluna, originalmente pensada, trataria de poucos dias atrás, mas minha fantasia usada na útilma  sexta-feira, no glorioso "Rola Preguiçosa - tarda, mas não falha" me leva de volta ao Mômo de 2010. Antes de lhes narrar em maiores detalhes minha desgraça, introduzo o Rola aos leitores não foliões.

O Rola é a abertura oficial do Meu carnaval carioca. Saindo da beirinha da Lagoa e entrando por Ipanema, o Rola, tradicionalmente, desfila de noite na sexta anterior ao carnaval com suas marcinhas irreverentes e rainha inusitada - Zezé Motta. O que mais surpreende aos desavisados é o símbolo do bloco - um gigante pênis inflável, que murcha para passar por baixo dos sinais de trânsito e das placas de rua. Antes que alguém diga qualquer coisa, não, o Rola não é um bloco gay - muito pelo contrário.

É o Rola deste ano que me liga ao causo ocorrido no Monobloco do ano passado. Usei nos dois blocos a mesma fantasia. Gosto de descrevê-la como provocante, sexy e arabesca. É uma transparente roupa de odalisca, com tetas falsas e  que deixa minha pança peluda à mostra.

No Monobloco, além de ofender velinhas e assustar bebês, pulei bebi e cantei muito. Cheguei destroçado em casa, disposto apenas a entrar no banho e recolher os cacos na cama. Foi no banheiro antes da ducha que fiz o balanço do dia: muito goró, pouco dinheiro, pouca comida e marquinha de biquini. Sim, caro leitor, meus fantásticos peitos falsos me renderam algumas brincadeiras e marca de top digna de capa da Playboy.


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Flashes do carnaval passado, um Desbunde em três atos:Realeza, Travecos, Piratas e outros bichos estranhos; Provocante, Sexy e Arabesca ; e O Fardo da Fantasia.

sábado, 5 de março de 2011

Derê

Por Boris Y.

Estou com vergonha de escrever esse post, mas como eu nunca tive muita vergonha na cara vamos lá!

Eu sempre estou com alguma música na cabeça, ou que fica na minha cabeça de tempos em tempos e que eu não faço a menor idéia do nome ou cantor. E era assim com um suposto samba que a única coisa que eu sabia era o hitmo e sílabas repetídas "lerê lerê lerê, lerê lerê lerê".

Desde a invenção do Google ficou fácil encontrar músicas sem que se saiba nome ou cantor, mas no caso dela, devido a só saber sílabas repetidas, eu nunca encontrava. Só aparecia a música tema da Escrava Isaura e uma música do Exaltasamba e outra do Arlindo Cruz. Outro dia, fui levar o prato na cozinha após almoçar e alguém estava vendo Caldeirão do Huck ou Esquenta que exibia essa música, corri, mas não cheguei a tempo de descobrir o nome. 

Eu não tenho nada contra samba e se fosse para arriscar o autor arriscaria o Exaltasamba ou o Arlindo Cruz mesmo, e ficaria satisfeito com isso. Mas ontem, depois de séculos procurando eu achei. A música sempre batucada nas mesas das salas de aula é de autoria pior do que eu jamais imaginaria. Tenho vergonha de dizer.

A música chama-se "Derê", e não "Lerê", e o cantor é o Sr. Marcelo Pires Vieira, o Belo, preso em 05 de novembro de 2004 por tráfico de drogas e associação ao tráfico depois de ter ligações com o Sr. Valdir Ferreira, o Vado, líder do tráfico na favela do Jacarezinho, interceptadas pela polícia, que posteriormente matou Vado. Musica do Soweto é coisa de jogador que fez 3 gols no domingo e foi pedir música no Fantástico.

Meu deus, estou em crise de identidade, vergonha de mim. Neste blog eu em tese estou protegido pelo anonimato, mas só em tese, pois as pessoas que mais importam, aquelas que me conhecem, sabem quem eu sou e agora sabem que gosto de uma música do Belo, a casa caiu!

Quando eu finalmente compreendi porque dona-de-casa é profissão

 Por Z. Leid Silva

   Trabalhando mais de 12 horas por dia, além das expedições exploratórias pela noite novaiorquina, não sobra muito tempo e atenção para os afazeres domésticos. Pouca comida na geladeira e muita louça e roupa para lavar.
   Ontem cheguei em casa com fome. Cansado dos habituais chineses, mexicanos, sopas enlatas e pizza,  decidi cozinhar. Inspirado pelos minutos diários que assiro pela internet do espetacular programa de t.v. Larica Total, abri a geladeira, uma cerveja e fui a luta.
   Luta, quase guerra para convencer a minha consciência de que o bife cru que estava há um mês no freezer, não se tornaria uma batalha no dia seguinte.
   De consciência limpa e barriga vazia fui em frente. Emocionei-me ao cortar as cebolas e chorei. Nesse momento quase que íntimo percebi que não haviam panelas limpas e que inevitavelmente teria que lavar a louça. Decidi portanto abrir mais uma cerveja.
   Louça limpa no meio da enfumaçada cozinha, as cebolas estalando no azeite, o bife dourando na frigideira, o risoto improvisado (arroz, queijo, ervas e camarões que sobraram da minha última aventura culinária) já dando sinais de vida. E a cerveja rolando solta. Olhei para essa paisagem e pensei: "Satisfação total! Transformei restos de geladeira em um jantar. Só faltava fazer água virar vinho. Depois de um dia de trabalho, canseira na cozinha, finalmente vou comer e merecidamente descansar!"
   Comi.
   Aí eu lembrei que tinha que lavar roupa.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Flashes do Carnaval Passado - Realeza, Travecos, Piratas e outros bichos estranhos

Dr. Onofre.

Há pouco mais de um ano, o presente colunista deslocava-se de um bloco na Visconde de Caravelas para outro, em Ipanema. Como no carnaval todo dinheiro desviado do goró é desperdício, o meio escolhido foi um 'buzunda' lotado.

Os poucos km foram percorridos em mais ou menos uma hora e 1/4 de garrafa de vodka. Os passageiros do coletivo - membros da realeza, travestis, presidente Lula, Mulheres Aranha, chinesas, piratas, odaliscas e outros bichos estranhos - foram cantando marchinas de carnaval, "Maria Roubou Pão na Cada João", hino do Flamengo e tudo mais. Acabadas as músicas óbvias, começou um jogo engraçado: cada um puxava uma música e apontava o próximo a cantar.

Depois de cantar Rebolation, eu - uma Amy Winehouse bem sacana - resolvi passar o microfone para um tiozinho. Visivelmente constrangido e sem saber o que fazer com a silêncio breve, mas constrangedor, o senhor abre a boca e solta:" - ...Besame... besame mucho...", levando o ônibus à loucura. Além de muito espirituoso, o tiozinho era paraguaio.

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Flashes do carnaval passado, um Desbunde em três atos: Realeza, Travecos, Piratas e outros bichos estranhosProvocante, Sexy e Arabesca ; e O Fardo da Fantasia.