Réveillon é um momento especial. Todo mundo se junta para desejar coisas novas e positivas. Católicos preparam suas macumbas, grunges usam branco, eu arrumo minha escrivaninha. Tudo muito fora do comum.
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Há uns cinco anos não passava a virada em Copa. Achava tudo muito complicado. Mesmo tendo festas na Atlântica para ficar, sempre gostei de passar a virada na areia, o que significa: champagne morno e sem taça, multidão e shows ruins. Além de tudo há a volta para casa, que sempre rende momentos de perrengue únicos.
Entre as experiências típicas estão voltar à pé de porre, enfrentar ônibus lotados e só conseguir saltar pontos depois do meu, e tentar conseguir um táxi disposto a cobrar no taxímetro – verdadeira tarefa hercúlea.
Pagar uma fortuna não é o pior que pode-lhe acontecer. Certa vez, pasmem, fui agraciado com a especialíssima presença da família do taxista. Isso mesmo, num Santana velho estavam eu, o motorista, sua digníssima patroa e duas filhas. Até ai ainda dava, o problema começou quando decidiram cantar pagode junto do rádio e a comer farofa, camarões e rabanadas, que iam sendo passados e oferecidos – “Tá sirvido, nem?!”.
Minha volta favorita começou mal. Chovia. Estávamos no Posto 6. Nenhum táxi a vista. Ônibus lotados. Distância enorme para voltar a pé. Todos de porre. A única opção parecia ser a Combi fazendo lotada. Entramos. Sentamos. Eis que, como uma graça de Iemanjá, vem a luz:
- Motorista, quanto é?
- Um e quarenta.
- Quantas pessoas faltam para a gente sair?
- Umas sete, oito.
- Beleza, toma vinte e vamos pro Humaitá... Ah... dá pra colocar na Jovem Pan?!
Nunca foi tão fácil chegar em casa.
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Em anos anteriores fui a festas gigantes – hotéis, clubes, casas de amigos – ou estava fora do país. Achava mais divertido ouvir DJs duvidosos, comer massas meia-boca e pagar rios de dinheiro a passar na farofa de Copa. Não sei porquê. Os fogos são lindos, o clima é tranqüilo e a macumba civilizatória. Tinha-me esquecido das coisas engraçadas e de como é bom botar os pés na água.
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Da noite de ontem cheguei as seguintes conclusões sobre simpatias: quanto mais ricos, mais usam amarelo e dourado; e só barangas usam vermelho.
Feliz ano novo!
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