segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Idade.

Dr. Onofre.

Meu aniversário se aproxima e enquanto meu inferno astral não termina, não consigo deixar de pensar em como estou idoso. Idoso talvez seja exagero para alguém com vinte e poucos, mas várias evidências me levam a crer que estou mais velho do que eu queria:

1. Meus amigos começaram a se casar e a dar festas beneficentes; 
2. A OAB acredita que eu sou advogado; 
3. Tenho alguns fios de cabelo branco;
4. Fumo* há uns dez anos. 

Pesando contra na balança da idade real percebo que:
1. Não tenho um emprego; 
2. Bebo como alguém de 15 anos; 
3. Minha avó me chama de Onofrinho
4. Mais importante, não posso esquecer que tenho um blog. Isso, por si só já deve me dar uns 5 anos a menos.

Na ponta do lápis, talvez, até que eu não teja tão acabado assim.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Cheiro de gasolina e cigarros

Seu Oliveira

Ultimo jogo do campeonato brasileiro do ano de 2009. O Flamengo jogava contra o grêmio no finado Maracanã. Como bom tricolor aproveitei a ocasião para faturar uns trocados. Estava pelas redondezas quando ouvi gritos, fogos e talvez até tiros pro alto, o jogo havia terminado com vitoria do flamengo.
Comecei a circular em volta do estádio, até ver uma senhora e dois rapazes fazendo sinal. Parei e pude reparar que ela usava, uma camisa do flamengo oficial, um óculos ray-ban vermelho combinando e uma bolsa Luis Vitton. Entrou no meu carro revoltada e xingando. Minha primeira reação foi pensar que o flamengo não tinha ganho o jogo. Depois de uma enxurrada de palavrões pude perceber que sua revolta era com o motorista particular que não conseguiu chegar na porta do estádio devido a um bloqueio da policia. Os rapazes, de mais ou menos 20 anos, pouco se importavam com os gritos da velha e conversavam animadamente sobre o jogo.
Até que a senhora ao ver meu maço de cigarros jogado no console dispara a um dos garotos:
- Alexandre, você não está mais fumando não? Porque eu falei com seus pais e eles disseram que você continua fumando. Não posso acreditar, eu já conversei contigo, se continuar eu não teve levo mais pra nada, jogo do flamengo na minha cadeira especial, compras, viagens, porra nenhuma!
Constrangido, mais pelo amigo que estava no taxi também do que comigo, respondeu:
- Não vó, estou parando, já tem duas semanas que eu não fumo.
E pelo retrovisor pude reparar um sorrisinho mútuo entre os rapazes. A senhorinha retrucou:
- É bom mesmo. O rapé e o narguilé eu até já aceitei, mas o cigarro faz muito mal, caralho! Eu mesma fumei por muitos anos. Olha lá, hein? Se eu descobrir que você está mentindo, já sabe...
- Que isso vó, jamais! Mudando de assunto, nós vamos te deixar em casa e depois vamos seguir para o Clipper para comemorar a vitória.
- Clipper?
- É vó, uma bar no Leblon...na verdade vai tanta gente que fica todo mundo na rua...
Segui até a casa da coroa. Assim que ela saiudo taxi, O tal Alexandre disse:
- Moço, pro Clipper, mas antes dá uma paradinha naquela banca preu comprar cigarro...

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Fumaça nos outros é refresco.

Dr. Onofre


Não fumantes não sabem o inferno que é parar de fumar. Eu sinto como um misto de cabeça vazia com mau humor e a constante sensação de fracasso, fruto da tentação constante. Se pra mim (que nem sou viciado) é assim, imagine, leitor, como é para os fumantes de verdade.

Apesar da caliuga, do verdadeiro fim do mundo, que é parar de fumar, eu me meti nessa empreitada. Hoje, apenas alguns poucos dias me separam do meu último e prazeroso trago, mas já sinto todos os benefícios.

Já sinto, por exemplo, que minha expectativa de vida aumentou para 752,3 anos (mais ou menos); que meu cabelo tem muito mais vida; que eu tenho paladar; e, finalmente, as pessoas sabem que meu perfume não é feito de cinzeiro molhado.  Agora que eu desabafei tudo isso, me dá um cigarro?!

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Shlimazl

Por Z. Leid. Silva

Introducão:
A BBC publicou uma lista das 10 palavras de mais difícil tradução. A segunda palavra Shlimazl (que só perde em dificuldade de tradução para Ilunga - pessoa capaz de perdoar um maltrato pela primeira vez, tolerar o mesmo pela segunda vez, mas nunca uma terceira vez), que vem do Idiche,  significa azar crônico.
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Enquanto fazia um lanche no ultimo domingo, decidi assistir tv, estava passando a final do campeonato inglês, Manchester United x Manchester City... Ou Fluminense x América Mineiro. Optei pelo campeonato brasileiro...

 Em menos de 3 segundos escuto o narrador gritar: "Escorreeeega Araújo." - esse foi o primeiro ataque do Fluminense que eu vi... Percebi que o jogo estava enrolado. Foi daí pra pior... além de faltas absurdas, penaltis não marcados e expulsões... 3x0 pro América.

O capitão do Fluminense em um acesso de raiva a uma decisão do juiz, rasga sua própria camisa.
-Por favor, alguém da comissão técnica, uma camisa nova! Não?  não tem o número dele? 
Crise no flumenense!!!
Volta o capitão com a camisa do Ciro.

Falta na entrada da área do América mineiro, o tricolor bate e -"Deu uma de Ronaldinho rapá!" disse o narrador.

Pênalti para o fluminense.
"Neneca defendeu! Neneca defendeu? Neneca defendeu bacana. Globo a gente se liga em você!"

O Fluminense conseguiu em apenas 20 minutos (que eu assisti) definir as segunda palavra de mais difícil tradução... Shlimazl!
Ainda bem que torço para o Flamengo.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Pra tudo tem uma primeira vez.

Dr. Onofre.

Quarta passada eu realmente acreditei que ia sair rapidinho para a despedida de um amigo que agora mora em NY. Peguei a primeira roupa que vi, um pouco de dinheiro e rumei para um bar descolado onde a festinha tomava seu lugar.

Bebi pouco ou quase nada e meia noite já conseguia me ver voltando pra casa sóbrio e descansado. Obviamente minha vida não é tão simples assim. Quando já estava me despedindo das pessoas soube que o anfitrião da despedida seria "abduzido" para uma boate qualquer, e que minha presença era indispensável. Sabia que não deveria ir, mas...

Abortei a volta para casa. Rapidamente peguei um drink e ajudei a convencer os outros que a noite ia ser muito divertida. Falaram em uma boate no Leblon, a Melt. Tudo bem, não é a minha preferida, mas não é tão ruim assim

Chegamos lá. - R$ 50,00 de ingresso, disse a porteira. Paguei. Entrei, e no primeiro andar não tinha ninguém. - Que que vc queria, Onofre, é quarta-feira. Tudo bem já fui em noite falida antes. Vamos ver se tem alguém lá em cima. Enquanto eu subia tive uma sensação estranha, alguma coisa parecia falha, estava fora do lugar; seria culpa de estar saindo no meio da semana? Os últimos degraus da escada estavam abarrotados de gente.

Antes que eu matasse a charada, um amigo grita: - Puta que me pariu, é uma night sertaneja!

Daí para a frente é só lamento e bebedeira. Se só dessa vez eu tivesse seguido meu instinto anti-saída, teria sido poupado de ouvir Luan Santana, de uma ressaca homérica e de um gasto inútil. 

sábado, 30 de julho de 2011

Cachorro e a Lei.

Dr. Onofre.

Tem coisa mais nojenta que cachorro na praia?! Não consigo ficar a vontade quando tem um bichano na areia do meu lado, sempre fico pensando que a qualquer momento ele vai fazer coco ou xixi e no dia seguinte eu vou sentar em cima daquilo, pegar lumbriga e micose. É um medo tosco, já que eu como pizza da lapa e pastel de boteco em copa, mas eu sei que não é só meu.

Até poucos dias achava que a Prefeitura dividia esse temor comigo. Descobri com meu cachorro - incapaz de cagar na areia - que a história não é bem assim. Andando na areia do Leblon fomos parados por um Guarda Municipal:

" - O Doutor não pode andar com o cachorro na praia, não...
   - Foi mal, achei que dava.
   - Pois é, mas é proibido, ele me disse, mas volta depois das seis...
   - Tá certo, acho mesmo que às seis é mais tranquilo, ela  não vai pular em ninguém, é bom saber que pode. Valeu!
   - Poder não pode, mas às 6 a gente vai embora..."

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Cheiro de gasolina e cigarros

 Seu Oliveira

  Algumas modas melhoraram muito os meus negócios, especialmente o fato da Lapa ter retornado ao seu Status de reduto da Boêmia carioca, afinal me permite levar jovens da zona sul até lá e faturar uma graninha. Há 20 anos atrás era considerado um bairro perigoso, violento e sem atrativos. Atualmente aos finais de semana é habitada por jovens alternativos de classe média da zona Sul, que sentem-se como se tivessem sido criados pelo samba de terreiro, sinucas, DJs de quinta e cachaça barata.
   Em uma certa sexta-feira, peguei 4 jovens de no máximo 17 anos indo justamente para lá. Seguindo o esteriótipo, trajavam bermudas levemente rasgadas, camisetas sem marcas famosas, alguns de havaiana e barba por fazer, exalando um leve cheiro de cerveja. E como não poderia deixar de ser, o que sentou no banco do carona, portava um cigarro de maconha na mão, que tentava esconder de mim.
   Perguntaram se poderiam fumar cigarros, respondi que só poderiam se me cedessem um cigarro (à essa altura já estava há quase 3 horas sem um cigarrinho) e se o do meio prometesse não sujar os bancos com as cinzas. Relaxaram.
   Os garotos conversavam, riam, gritavam e eventualmente me faziam perguntas, me convidando para a conversa. Falavam de tudo, assuntos do cotidiano, garotas, mulheres, colégio, arriscavam alguma coisa em política e sempre tentavam disfarçar utilizando palavras e nomes desconhecidos quando se tratava de drogas e o fato dos pais de alguns terem proibido a saída.
   Ao passar pela Gloria, os rapazes foram a loucura vendo os travestis que se amontoavam pelas esquinas em busca de programa. Os meninos gritavam e assobiavam, até que um dos travestis resolveu mostrar os seios. Excitadíssimos os meninos riam. Até que parado num sinal, eles decidiram pedir para um travesti baixinho (a?), que só usava um sutien, uma mini-saia e muita maquiagem:
- Vocês querem que eu mostre meu peito? Vocês querem?
E os meninos em côro responderam:
- Mostra! Mostra! Mostra!
Travesti decidiu então enfiar a mão dentro do sutien e sacou o enchimento, que ficou balançando acima da cabeça. 
Os rapazes gargalharam até chegar na Lapa.