sábado, 5 de março de 2011

Quando eu finalmente compreendi porque dona-de-casa é profissão

 Por Z. Leid Silva

   Trabalhando mais de 12 horas por dia, além das expedições exploratórias pela noite novaiorquina, não sobra muito tempo e atenção para os afazeres domésticos. Pouca comida na geladeira e muita louça e roupa para lavar.
   Ontem cheguei em casa com fome. Cansado dos habituais chineses, mexicanos, sopas enlatas e pizza,  decidi cozinhar. Inspirado pelos minutos diários que assiro pela internet do espetacular programa de t.v. Larica Total, abri a geladeira, uma cerveja e fui a luta.
   Luta, quase guerra para convencer a minha consciência de que o bife cru que estava há um mês no freezer, não se tornaria uma batalha no dia seguinte.
   De consciência limpa e barriga vazia fui em frente. Emocionei-me ao cortar as cebolas e chorei. Nesse momento quase que íntimo percebi que não haviam panelas limpas e que inevitavelmente teria que lavar a louça. Decidi portanto abrir mais uma cerveja.
   Louça limpa no meio da enfumaçada cozinha, as cebolas estalando no azeite, o bife dourando na frigideira, o risoto improvisado (arroz, queijo, ervas e camarões que sobraram da minha última aventura culinária) já dando sinais de vida. E a cerveja rolando solta. Olhei para essa paisagem e pensei: "Satisfação total! Transformei restos de geladeira em um jantar. Só faltava fazer água virar vinho. Depois de um dia de trabalho, canseira na cozinha, finalmente vou comer e merecidamente descansar!"
   Comi.
   Aí eu lembrei que tinha que lavar roupa.

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