segunda-feira, 20 de junho de 2011

Cinema Não-4D

Por Boris Y.

Estou me sentindo praticamente o bonequinho do globo, em um dia de bloqueio volitivo escreverei novamente sobre cinema. Contudo, desta vez não irei me dedicar as novidades do cinema 4D, mas sim ao principal aspecto de diversão no cinema convencional.

Depois de muito pensar em o que torna ir ao cinema tão divertido cheguei à uma conclusão que agora considero até óbvia, o fato de você assitir o filme com um completo desconhecido ao lado. Essa pessoa sempre faz algum comentário hilário, tem uma risada muito engraçada ou é completamente sem noção.

No último final de semana sentei ao lado de uma mulher que conjugava as três características supracitadas. Cheguei com duas amigas ao vazio cinema do Shopping da Gávea e sentei na minha cadeira sem imaginar que a pessoa ao lado se tratava de uma Dercy Gonçalves de 50 anos. Igualmente cafona e acompanhada do seu marido, primeiro a mulher tirou uma garrafa de mate que apoiara na minha cadeira, mas como não há porta-copo nas poltronas, logo ela exclamou o mesmo que eu já havia dito para as minhas amigas "esse cinema é uma merda", e continuou "que bosta de sala" seguido de risos dela, e meus dos dela, e dela dos meus.

Mas isso não foi o bastante, antes de começar "Estamos Juntos" ficou passando durante uns 10 mim (sério) apenas as logos dos patrocinadores, prefeituras e etc com fundo preto, até que ela soltou: "puta que pariu, essa merda de filme não vai começar nunca" e riu, nisso eu, minhas amigas e os outros gatos pingados do cinema também caímos no riso. Eu gargalhava e comecei a chorar, parava um pouco e voltava a rir descontroladamente ao me lembrar da frase, ela, percebendo o que acontecia, ria que estávamos rindo dela. Nada do filme começar, a tela continuava preta e com logos de apoiadores até que eu soltei para as minhas amigas "essa porra não começa mesmo", foi o suficiente para eu e ela rirmos muito. O melhor, o filme era recheado de diálogos de baixo nível engraçados do tipo "pensei muito em você esses dias, ouvi várias músicas, vi vários filmes, bati várias punhetas" e a cada diálogo a mulher soltava um palavrão para minha felicidade. Mas a principal conclusão desse dia foi: o cimena do Shopping da Gávea é tão ruim e desconfortável quanto o estacionamento e seu medonho túnel.

No final de semana anterior foi a mesma coisa, fui ao cinema com alguns amigos ver "Se Beber Não Case II", muito bom por sinal, e ao nosso lado sentou um casal que gargalhava de maneira hilária em todas as cenas do filme. Esse casal só não superou um cara que estava na sessão de algum filme do James Bond muitos anos atrás na barra, ele sim tinha a risada mais engraçada do Planeta Terra. Ele foi ao cinema apenas para se divertir com as aventuras impossíveis do agente inglês e começou a gargarlhar às alturas antes mesmo do início do filme,  a cada cena estilo Macgyver ele gritava de rir e eu chorava de rir. O resultado dessa vez foi: após o James Bond se jogar do topo de um prédio no mar e entrar dentro de um submarino ele riu durante vários minutos, eu, sem conseguir parar de rir dele rindo, tive que me retirar temporariamente da sala de exibição com uma crise de soluço.

***
Minha avó continua as peripécias cinematográficas dela, mas dessa vez, graças a deus, sem a minha companhia. Fui à casa dela e ela me contou que há alguns dias havia ido ver um filme que achara horrível e que em vários momentos quase se levantou do cinema. Eu perguntei:

- Vó você foi ver Se Beber Não Case II?
- Foi isso mesmo, um horror, li no jornal que era melhor que o 1.
- Hahahahah, você assistiu ao 1?
- Não
- Pois é vó, você não pode ver esse tipo de filme.

Me impressionou que ela tenha ficado no "quase se levantou" considerando as diversas cenas de nú frontal de travesti. Nesse caso concluo que minha avó é mais prafrentex do que eu imagino, mesmo sabendo que ela é ferrenha defensora da legalização das drogas, casamento e adoção gay e liberação da prostituição, ver Se Beber Não Case II e não sair do cinema é demais.

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