domingo, 27 de março de 2011

Aguardando o Próximo Assalto

Por Boris Y.

Não é só a Copa do Mundo, as Olimpíadas, o Pan-Americano, os Jogos de Inverno ou as eleições que acontecem de quatro em quatro anos. A cada quadriênio eu cumpro meu dever cívico de bom carioca e sou assaltado. Foi assim em 1999, 2003, 2007 e seguindo a progressão aritmética... 2011.

Na verdade a primeira vez que minha carteirinha de carioca foi carimbada ocorreu em 1994, quando a violência quase que literalmente bateu a minha porta. Um assaltante entrou pelo basculante do banheiro do quarto dos meus pais (usando uma escada, morávamos no primeiro andar), pulou todo mundo (eu e meu irmão estávamos acampados lá, não me lembro porque) e chegou à sala, onde fez a limpa. O pior é que ele era um assaltante mal educado, além de assaltar também a geladeira fez questão de deixar um presente para a gente, afinal de contas não se pode só levar coisas, então ele deixou um vômito na sala. Se ele comeu a comida, deveria ao menos ter sido educado e fingir que gostou! Além disso, saiu correndo e deixou um aparelho de som, mas levou o controle o que inutilizou o aparelho que só funcionava com tal controle, devia ter levado a merda toda logo.

O Assalto de 2003 foi o que mais me deu raiva, eu ainda tinha uns 15 anos e eram os tempos do governo da governadora costela de adão que falava “puliça”, atual prefeita de Campos dos Goytacazes (cada um tem aquilo que merece). Eu tinha acabado de comprar uma bicicleta, linda e novinha, desci a minha rua e cheguei na esquina da Gastão Bahiana com a Epitácio Pessoa onde, por acaso, encontrei um amigo que morava ali e que me disse:

- Pô, irada a bicicleta! Cuidado para não perder!
- Para de agourar, porra!
- Tô falando sério, cuidado!

Puta que pariu, não deu outra, parecia praga de mãe... Eu segui pela ciclovia fui para aula de tênis ali perto, na volta saí da ciclovia e entrei em Ipanema para ir ao curso de inglês. Só andei uma quadra, pois na esquina da Garcia D’Avila com Barão de Jaguaribe, “perdeu playboy”, com essas palavras .

Mas está tudo certo para 2011, tenho uma estratégia para vencer o carma: não pisarei em Ipanema esse ano. Exceto pela minha casa, que era na Lagoa, sempre que sou assaltado o fato se dá em Ipanema. Temo que nem mesmo a UPP ajude, ou faço um trabalho espiritual ou não entro em Ipanema esse ano!

Na relidade o problema é que eu acho que moro na Suécia e como todo bom morador de Estocolmo, vou com o meu ipod a todos os lugares, caminho pela Av. Rio Branco, Praça Tiradentes, ônibus, metrô (dormindo), Praia, supermercado, ando em Copacabana, Ipanema, etc... é o meu amuleto da sorte! Ele é o meu protesto! Não ficarei refém da violência mesmo sabendo que serei assaltado esse ano, não deixarei de andar de ipod em absolutamente qualquer lugar (até trem), não deixarei de sair à noite, não me mudarei de Estocolmo, não agirei como alguém amedrontado que mora naquele horror de lugar no hemisfério sul chamado Rio de Janeiro.

***

Dr. Onofre, boas férias, boa sorte, aguardaremos ansiosamente o seu retorno.

6 comentários:

  1. carmo, aff´s... é temos q viver msm sabendo q vamos ser assaltados, ou mortos por causa de um ipod

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. É isso aí, vivamos como se estivéssemos na Suécia! Afinal, o acaso irá nos proteger, enquanto andarmos dístraídos. Ainda que haja exceções...

    Seguindo...

    Espero sua visita no http://cafeincidental.blogspot.com/

    Abçs

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  4. A vida no Rio não está nada fácil. A propaganda do Sergio Cabral falando que a cidade está melhor é a mais pura mentira.

    http://boomnaweb.blogspot.com/

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