sábado, 30 de julho de 2011

Cachorro e a Lei.

Dr. Onofre.

Tem coisa mais nojenta que cachorro na praia?! Não consigo ficar a vontade quando tem um bichano na areia do meu lado, sempre fico pensando que a qualquer momento ele vai fazer coco ou xixi e no dia seguinte eu vou sentar em cima daquilo, pegar lumbriga e micose. É um medo tosco, já que eu como pizza da lapa e pastel de boteco em copa, mas eu sei que não é só meu.

Até poucos dias achava que a Prefeitura dividia esse temor comigo. Descobri com meu cachorro - incapaz de cagar na areia - que a história não é bem assim. Andando na areia do Leblon fomos parados por um Guarda Municipal:

" - O Doutor não pode andar com o cachorro na praia, não...
   - Foi mal, achei que dava.
   - Pois é, mas é proibido, ele me disse, mas volta depois das seis...
   - Tá certo, acho mesmo que às seis é mais tranquilo, ela  não vai pular em ninguém, é bom saber que pode. Valeu!
   - Poder não pode, mas às 6 a gente vai embora..."

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Cheiro de gasolina e cigarros

 Seu Oliveira

  Algumas modas melhoraram muito os meus negócios, especialmente o fato da Lapa ter retornado ao seu Status de reduto da Boêmia carioca, afinal me permite levar jovens da zona sul até lá e faturar uma graninha. Há 20 anos atrás era considerado um bairro perigoso, violento e sem atrativos. Atualmente aos finais de semana é habitada por jovens alternativos de classe média da zona Sul, que sentem-se como se tivessem sido criados pelo samba de terreiro, sinucas, DJs de quinta e cachaça barata.
   Em uma certa sexta-feira, peguei 4 jovens de no máximo 17 anos indo justamente para lá. Seguindo o esteriótipo, trajavam bermudas levemente rasgadas, camisetas sem marcas famosas, alguns de havaiana e barba por fazer, exalando um leve cheiro de cerveja. E como não poderia deixar de ser, o que sentou no banco do carona, portava um cigarro de maconha na mão, que tentava esconder de mim.
   Perguntaram se poderiam fumar cigarros, respondi que só poderiam se me cedessem um cigarro (à essa altura já estava há quase 3 horas sem um cigarrinho) e se o do meio prometesse não sujar os bancos com as cinzas. Relaxaram.
   Os garotos conversavam, riam, gritavam e eventualmente me faziam perguntas, me convidando para a conversa. Falavam de tudo, assuntos do cotidiano, garotas, mulheres, colégio, arriscavam alguma coisa em política e sempre tentavam disfarçar utilizando palavras e nomes desconhecidos quando se tratava de drogas e o fato dos pais de alguns terem proibido a saída.
   Ao passar pela Gloria, os rapazes foram a loucura vendo os travestis que se amontoavam pelas esquinas em busca de programa. Os meninos gritavam e assobiavam, até que um dos travestis resolveu mostrar os seios. Excitadíssimos os meninos riam. Até que parado num sinal, eles decidiram pedir para um travesti baixinho (a?), que só usava um sutien, uma mini-saia e muita maquiagem:
- Vocês querem que eu mostre meu peito? Vocês querem?
E os meninos em côro responderam:
- Mostra! Mostra! Mostra!
Travesti decidiu então enfiar a mão dentro do sutien e sacou o enchimento, que ficou balançando acima da cabeça. 
Os rapazes gargalharam até chegar na Lapa.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

O Bizarro Mundo de Copacabana

Por Z. Leid Silva

Domingo 12:30 am
      Acabei de ver um casal carregando uma tv Sony 42 polegadas. Atrapalhados, caminhando pela Avenida Barata Ribeiro até o primeiro ponto de ônibus, um em cada ponta da enorme caixa de papelão. Fazem sinal para ônibus e como num passe de magica, desaparecem junto com a televisão.
      Mas a frente um segundo jovem casal discute:
"Ele ficando com ela e olhando pra mim? Porra eu sou amiga dela." dizia a linda menina de cabelos longos e castanhos para um feio e atônito rapaz, que ouvia atentamente.
      No quarteirão seguinte, um tiozinho de quarenta anos usando um casaco de nylon azul, vermelho e branco, chuta o pneu de um carro na rua. Um Honda cívic sai de uma garagem. Tiozinho entra no banco do carona.
      E quase sem perceber eu chego ao meu destino.

sábado, 23 de julho de 2011

AMY

Z. Leid Silva

   Hoje a música perdeu uma das maiores cantoras da nossa geração. Viveu e morreu como manda lema: Sexo, Drogas e Rock n' Roll
   Que fique na história pelas musicas maravilhosas, shows contagiantes e por trazer o jazz de volta e não pela vida abusiva de rockstar, como muitos jornalistas estão tentando marcar a sua, infelizmente, curta carreira.
   Sinto como se estivessem tentando diminuir a sua genialidade e competência musical pelos excessos. Como se isso fizesse alguma diferença. James Brown batia na mulher, Michael Jackson era pedófilo, Sinatra era envolvido com a máfia, Elvis era racista... Mas e daí? Isso diminui alguém como artista? NÃO. Talvez não fossem pessoas para convidar para um jantar na minha casa, mas para ouvir música...
   Pra compensar quando o ACM morreu incontáveis páginas de jornais e revistas, alem de matérias intermináveis na tv sobre os grandes feitos do Toninho Malvadeza para a política nacional... Enfim...

Amy Rest In Peace

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Alternativo Agora é Ser Playboy

Por Boris Y.


No Rio de Janeiro não há nada mais alternativo do que ser playboy, em um total contra-senso com as demais metrópoles do meu Brasil varonil, ouvir 50 cent, Lil’Wayne e outros lixos importados e nacionais é o que há de mais alternativo nesta cidade.

Não foi sempre assim, eu nasci no final dos anos 80, cresci nos 90 e comecei a sair nos anos 00, ou seja, era alternativo quem ia ao Dama, Galeria, Bunker 94 (atual Lojas Americanas da Raul Pompéia, lamentável...), Garage e outros lugares esses sim obscuros, mas hoje as coisas se inverteram, todo mundo é “alternativo”!!

A antiga cena “alternativa” se tornou o mainstream carioca (odeio quem fica falando mainstream pra lá e pra cá, mas tudo bem), e se considerarmos que ser alternativo é quem não está com a maioria e a maioria agora são os “alternativos”, os alternativos de verdade são os playboys (que confusão!), que hoje, quem diria, são minoria.

Não se trata de uma crítica aos novos pseudo-alternativos, longe disso, é até um elogio, hoje a maioria dos jovens cariocas (da zona sul ao menos) já conseguem tolerar as diferenças e playboys e patricinhas dividem espaço com gays, lésbicas, roqueiros, grunges e emos. Estranho, alternativo de verdade, agora é quem não é capaz de se misturar com todos e se esconde nos “novos guetos” da Baronnetti, Praia, Londra, Bar do Copa, etc (mais uma vez, quem diria).

Aos poucos as pessoas deixam de se classificar como da cena “gay”, da cena “rock” ou da night (playboy) e passam a se misturar tornando o que antes era extremamente heterogêneo em uma grande massa homogenia "alternativa" que eu prefiro chamar de futuro, e o futuro meus queridos já começou no Rio. Plim, plim.
 
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Muito em breve postarei um texto sobre essa noite “pseudo-alternativa” carioca, o crescimento, os lugares e grupos empresariais que a compõe, além de uma análise das principais “festas” e do som “tipo the strokes”.
 
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Essa semana em uma feira agropecuária no interior de São Paulo um Homem e seu filho foram espancados, sendo que ele teve a orelha arrancada a mordidas, pois foram confundidos com homossexuais enquanto estavam abraçados. Um pai não pode abraçar um filho? Cancelem o dia dos pais!!! E se fossem dois gays, não poderiam se abraçar? É uma pena que os agredidos da vez não tenham sido o Pastor Silas Mafalaia e seu malafainho; Crivella e seu crivelinho; Rosinha e sua clarissinha; Garotinho e seu garotinhoinho; Bolsonaro se seus filhos deputadinho estadual e vereadorzinho em um ménage; ou Magno Malta e seu maltinha, para sentirem na pele a violência que a estupidez deles provoca na massa acéfala que eles guiam, e a diferença que a educação da tolerância às diferenças não poderia fazer. Obrigado "presidenta" por cancelar o kit anti-homofobia apenas tentando salvar a cabeça do Palocci por pressão dos imbecis supracitados.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Par Improvável

Por Z. Leid Silva

Caminhando entre as ruas do Leblon, no intervalo do jogo do Brasil, avisto em uma esquina um policial militar gordo, de meia idade conversando animadamente com uma senhorinha em uma cadeira de rodas.

Curioso, decidi me aproximar e no trajeto fiquei me perguntando o que este par improvável estaria conversando... Teria a velhinha sido assaltada? Seria uma boa avó desejando um bom dia de serviço ao seu neto?  Seriam dois amantes discutindo as aventuras da noite anterior? Estariam ambos preparando um assalto a banca de jornais ao lado?

E por mais absurdos que possam parecer, meus devaneios não poderiam me preparar para a cruel realidade.

Ao passar, ouvi o PM, com grande satisfação, com um sorriso quase discreto no rosto dizer:
-... E aí eu dei-lhe um safanão na cara e um ponta pé, que fez ele cair longe..