terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Um Ensaio Sobre o Auto-Preconceito

por Z. Leid Silva

   Atualmente estou morando em Manhattan, um dos maiores centros urbanos do mundo e consequentemente uma salada cultural, com representantes de todas as partes do planeta.   Através de uma falta de atenção e de sutileza pude perceber que até Nova Iorque não esta imune do auto-preconceito (a capacidade de subjugar a si mesmo) de seus próprios cidadãos.    
   Como não poderia ser diferente visitei vários pontos turísticos nos primeiros dias. O Times Squares estava mais brilhante e piscante que o comum. O gelo no chão, consequência da nevasca do dia anterior, refletia quase que psicodelicamente as luzes dos murais de neon, enquanto trabalhadores e turistas andavam acelerados, disputando os poucos espaços de calçada sem neve ou gelo. 
   No meio do formigueiro iluminado, estava o vosso narrador, faminto, já que as andanças pela cidade são excelentes estimulantes de apetite, quase como um Biotonico Fontoura natural.
   Como bom judeu em NY optei por comida chinesa, da qual eu sentia muita falta, já que o prato mais típico chinês que se encontra no Rio é pastel. Lembrei que há alguns anos atrás, em uma outra visita a cidade, comi um chinês naquelas redondezas mas não me recordava o endereço.
   Depois de procurar exaustivamente no meio do caos, tive a genial idéia de perguntar à alguém. Decidi que uma banca de jornal seria o lugar ideal, graças ao conceito carioca que os jornaleiros são os Google Maps da era pré-smartphoniana.
Travei a seguinte conversa com a vendedora (tradução livre):
- Boa noite, a Sra. sabe aonde fica um restaurante chinês grande aqui no times square?
- Não, me desculpe, mas não conheço.
- É um restaurante chinês, bem grande. Fica em uma esquina.
- Não conheço.
- É um restaurante chinês, grande, famoso, aqui no times squares. Você deve saber...
- Eu realmente não sei. Na verdade eu não sou chinesa, sou coreana.

Nesse momento caiu a ficha. Na minha inocente cabeça eu estava pedindo informações de um restaurante chinês para um comerciante da região, na dela eu era um turista fanfarrão que pensa que todos os asiáticos são iguais e tem obrigação de conhecer todos os restaurantes típicos de Nova Iorque.
Desisti e fui comer uma pizza.

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