Por Z. Leid Silva
Semana passada meu carro quebrou. Eu achei ótimo. Estava ficando maluco com o trânsito aqui do Rio. Depois de 3 meses em Nova Iorque sem dirigir, eu havia me esquecido da selvageria que é dirigir.
Comecei a intender como funcionava o novo sistema de ônibus em Copacabana (que foi implementado durante o meu exílio). Não me incomodou o fato de que os ônibus não param em todos os pontos e que em algumas situações é necessário andar alguns quarteirões, como é o metrô. Ne verdade eu acho até bom. Um exercício imposto era exatamente o que precisava depois de meses comendo pizzas e hambuguers.
Mas tudo tem limite.
Estava suando em Botafogo, em frente ao cemitério São João Batista, no ponto, aguardando o ônibus. Para minha felicidade, surgiu no meio do deserto de concreto um 154 com ar-condicionado.
Ao entrar no coletivo refrigerado a felicidade tomou conta de mim. Muito contente, cordialmente cumprimentei o motorista e o trocador e entreguei ao ultimo uma nota de 20. Esse foi meu ultimo momento de felicidade.
- Você não tem menor não? Eu não tenho troco.
Ao contrário dos meus colegas advogados Boris Y. e Dr. Onofre, que imediatamente diriam que pela lei ele é obrigado a reduzir o preço da tarifa até que seja possível o troco, eu, médico, tentei uma aproximação mais humanizada:
- Infelizmente não tenho. Mas eu só vou saltar no final de Copacabana.
- E se eu não tiver troco até lá! Como faz? E além do mais dá pra ir andando! Vai andando!
Eu não sei se a minha dieta americana estava tão evidente assim. Mas essa foi a gota d'agua. Como já tinha passado da roleta, ignorei o comentário sentei e falei:
- Quando tiver o troco você me avisa.
Ele ainda tentou discutir, mas quando ele começou a falar já tava com o fone no ouvido, ignorando-o solenemente.
Logicamente duas estações depois ele já tinha o troco.
Apesar do meu descontentamento pensei que seria uma excelente forma de acabar com a o obesidade. Colocar uma balança na frente a roleta e substituir os trocadores por personal trainners. Quem não passar pela avaliação, vai a pé! Aí sim o Rio vai ser a cidade com os corpos mais bonitos e esculturais do mundo. Investimento em Saude, transporte e turismo, numa tacada só!
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