quinta-feira, 19 de maio de 2011

Estupra, mas não mata.

Dr. Onofre.

Nos últimos dias tenho me surpreendido com a história do Diretor-Geral do FMI. Esse, que é um dos homens mais poderosos do mundo, supostamente teria atacado como um cachorro no cio (se é que isso existe!) a faxineira do hotel onde estava hospedado. A novela toda é muito absurda; aparentemente, esse homem casado, muito rico e conhecido não consegue conter, de forma alguma, seus impulsos sexuais animalescos e sai por aí estuprando tudo que é mulher.

A situação parece ainda mais estranha quando se sabe que o Sr. Strauss-Kahn era candidato com sérias chances de ganhar a eleição presidencial francesa. 

Algumas questões já vinham surgindo em minha cabeça. A primeira delas era por que a mulher não saiu correndo quando viu esse velho pelado? a segunda é por que ele iria atacar essa moça da limpeza? por que não contratar uma prostituta? Mesmo com essas dúvidas, ainda não tinha chegado a uma conclusão. 

Sei lá, sabe? De repente o cara tem uma tara bizarra por perigo extremo. Talvez a ideia de arriscar toda sua carreira de sucesso e muito dinheiro, seu casamento e até sua liberdade deixem o cara muito excitado. Claro, só essa tara maluca não explica tudo. Ela tem que ser somada ao incontrolável fetiche de comer a mulher da limpeza. Sem essa combinação a história não fecha para mim.

Tudo foi decididamente resolvido pelo jornal de hoje. Cora Ronái, em seu artigo "O Homem do FMI: uma história mal contada", mata qualquer dúvida. Strauss-Kahn é inocente, vale a pena a reprodução:

Você é um dos homens mais poderosos do mundo. Da sua palavra dependem negócios de bilhões de dólares e o destino das nações. Você está hospedado num hotel de luxo em Nova York, num quartinho de três mil dólares de diária, como convém à sua exaltada posição social; vai pegar um vôo para casa logo mais, acabou de tomar banho e ainda está nu como veio ao mundo, quando eis que adentra o seu quarto uma jovem camareira. Você:
a) Diz “Pardon, Mademoiselle!”, e volta para o banheiro para pegar uma toalha, enquanto a moça se retira rapidamente;
b) Dá um berro de susto ao descobrir alguém num quarto que deveria estar vazio;
c) Dá uma bronca na camareira por entrar sem avisar;
d) Confunde a camareira com a garota de programa que convidou para uma visitinha; 
e) Atira-se sobre a camareira, sem mais nem menos, e tenta estuprá-la.
Para mim, de todas as hipóteses, a última é a que parece menos provável. Estou de acordo com a maioria dos franceses. Também acho que o diretor do FMI está sendo vítima de uma conspiração. Qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento dos costumes norte-americanos sabe que mesmo a cantada mais inocente pode, nos Estados Unidos, ser tomada por assédio sexual; como é que um homem experiente vai arriscar a carreira por uma tentativa de estupro tão gauche? Um homem desarmado -- qualquer homem desarmado -- tentaria começar um estupro exigindo sexo oral? Numa boca cheia de dentes?! Sei que o mundo tem de tudo, mas curtir essa forma específica de prazer me parece perigosa além da conta.
Pela Teoria Conspiratória, há vários outros pontos por explicar. Os hotéis acima de uma estrela têm trancas e, do lado interno das portas, pequenos lembretes para que ninguém deixe de utilizá-las. Trancar a porta é, pois, segunda natureza de quem freqüenta hotel. Em muitos deles, também, a forma de acender as luzes e de “ligar” o quarto é enfiando a chave num aparelhinho junto ao interruptor. Com isso, ninguém precisa mais pendurar plaquinha de “Silêncio!” do lado de fora. Supondo, porém, que nesta suíte de três mil verdinhas não existam dispositivos que informem aos funcionários que os hóspedes estão no quarto, e que o nosso antiherói tenha esquecido de pendurar a tal plaquinha -- como é que uma moça de 32 anos, em plena forma, se deixaria pegar por um sujeito de 62?  E mais: um francês tomaria banho antes de embarcar de volta para casa?!
A Cora matou a charada. É uma conspiração sem sombra de dúvida. Onde já se viu francês tomando banho??? Se ainda fosse o Berlusconi... 

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